Aliando os ácidos graxos a saúde

12/11/2012 10:26

 

Tem se falado muito que o consumo de óleos e gorduras auxilia no bom funcionamento da saúde e que algum desses contribui até para a perda de peso. Como exemplo recente, temos o óleo de coco. Falou-se muito, propagou-se muito, alardeou-se muito, mas o famoso óleo de coco nada mais é que um óleo vegetal semelhante aos óleos de soja, milho etc, rico em gorduras saturadas que se ingeridas em elevados concentrações induzem o aumento do colesterol LDL (popularmente conhecido como mau colesterol) desencadeando doenças que afetam o sistema vascular e cardíaco. Vale ressaltar que não existem estudos científicos suficientes sobre esse produto que comprovem esses benefícios a saúde propostos.

A mídia tem estimulado cada vez mais o consumo dos lipídeos. Novas pautas surgem sugerindo a segurança a saúde do consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas. Mas seria correto incentivar o consumo de gorduras saturadas em um mundo cada vez mais dominado pelas redes de fast food, que oferecem alimentos com elevados níveis de sódio e gordura? Onde o índice de doenças cardiovasculares e cânceres dos mais diversos tipos elevam exponencialmente?

Relatórios da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que as doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte e incapacidade no mundo e até 2030 será a causa de morte de 23,6 milhões de pessoas. Embora uma grande proporção das doenças cardiovasculares seja evitável, esse índice continua a subir, principalmente devido à ausência de medidas preventivas.

O consumo correto dos lipídeos

As gorduras presentes nos alimentos não são exclusivamente antagonistas a saúde humana, o tipo consumido e a quantidade é que podem interferir positivamente ou negativamente no bem-estar.

Uma das classificações dos ácidos graxos deve-se quanto à presença ou não de duplas ligações, denominando o grau de saturação, sendo aqueles que não apresentam dupla ligação denominados saturados e os ácidos graxos insaturados aqueles que apresentam 1 dupla ligação, monoinsaturados conhecidos como MUFA’s ou mais ligações duplas em sua cadeia, os poliinsaturados ou PUFA’s.

O erro se dá na quantidade excessiva ingerida dos saturados sobre os insaturados. Alimentos ricos em gorduras saturadas contribuem para o aumento do colesterol sanguíneo, contribuindo assim para a formação de placas de ateroma, redução do HDL e aumento do LDL, aumentando assim a ocorrência de doenças cardiovasculares. A substituição na alimentação de uma gordura pela outra contribui para uma melhora na saúde.

   Onde encontrar as gorduras insaturadas?

O ácido graxo insaturado de maior fama é indiscutivelmente o ômega-3. Amplamente abordado sobre seus benefícios, inclusive nas postagens do nosso grupo de extensão.  Mas como o ômega-3, existem outros ácidos graxos insaturados capazes de promover a saúde. O ácido linoleico conjugado é um exemplo. Conhecido como CLA (conjugated linoleic acid) é um ácido graxo que apresenta atividade bioativa.

Essse ácido graxo insaturado apresenta efeitos benéficos à saúde, incluindo a melhora da imunidade, o risco decrescente de doença cardíaca coronariana através da diminuição dos níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL), redução da incidência de alguns tipos de cânceres tumorais e modulação do sistema imune.O CLA exerce efeito hipocolesterolêmico, atuando na redução do colesterol total do plasma, diminuição dos níveis da lipoproteína de baixa densidade sanguínea (LDL), redução dos níveis de triacilglicerídeos (TG), contribuindo assim para a diminuição da pressão sanguínea e consequentemente a prevenção das doenças cardiovasculares. Os efeitos desse ácido são semelhantes aos efeitos do ácido graxo ômega-3, embora o CLA não pertencer a está classe de ácidos graxos.

Em sua composição natural o CLA pode ser encontrado em vários alimentos. Predominantemente apresenta-se no leite e em produtos lácteos, como queijos e iogurtes, podendo ser encontrado também na carne bovina e alguns óleos vegetais. Em concentrações menores nas carnes ovinas e de aves como o frango e peru.

Os alimentos de origem animal apresentam teores mais elevados de CLA que os alimentos de produto vegetal. Os produtos lácteos, em particular o queijo, são as principais fontes de origem animal, contendo de 3 a 10 miligramas de CLA por grama de alimento, as carnes bovinas apresentam em média cerca de 4 miligramas por grama de gordura. Os óleos vegetais e a gordura de animais não ruminantes contém apenas vestígios do CLA, variando numa proporção de 0,2 a 0,9 miligramas por grama de gordura total do alimento.

Tabela – Alguns alimentos que contém CLA e suas quantidades

O consumo de 0,5 – 7 gramas/ dia de CLA é a quantidade ideal para que o ácido graxo apresente seus benefícios propostos sem apresentar efeitos adversos a saúde humana.

É importante lembrar que essa gordura benéfica está presente principalmente nos alimentos de origem animal, onde também encontra-se gorduras saturadas. Portanto, faz se necessário o consumo de forma moderada desses alimentos, de maneira geral, a alimentação só é capaz de auxiliar no bem-estar a partir de uma dieta equilibrada. O consumo excessivo de qualquer nutriente prejudica o funcionamento do nosso organismo acarretando em consequencia algum malefício.

Antônio Thiago Matos Carvalho Santana
Engenheiro de Alimentos-UFMT
Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos-ESALQ/USP
Sob Orientação: Profª. Drª.Jocelem Mastrodi Salgado