Bisfenol A: o inimigo oculto.

05/11/2012 10:10


"Químico presente em plástico altera cérebro de ratas!"

"Anvisa proíbe Bisfenol A em mamadeiras!"

"Estudo relaciona Bisfenol A e obesidade em crianças nos USA!"

"Bisfenol A ligado a distúrbio hormonal em grávidas e bebês!"

Basta fazer uma busca na internet sobre o bisfenol A e você vai se assustar com os malefícios deste composto praticamente “invisível”.

 

Mas o que é o Bisfenol A?

 O bisfenol A é um produto químico industrial com excelentes características químicas e físicas aplicado na fabricação do plástico. É isto mesmo você come sem ver ou saber e adoece sem querer! Esta substância é leve, transparente, forte e ao mesmo tempo duradoura, conferindo ao plástico maior resistência a rachaduras.

Sintetizado em 1891 na Rússia como estrogênio, o bisfenol A foi esquecido na época, pois existiam outros estrogênios artificiais mais potentes. Em 1950, seu uso foi retomado sendo aplicado na fabricação de garrafas plásticas e para revestir o interior de latas de refrigerante. Cerca de 20 anos depois surgiram suspeitas sobre seus malefícios.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a liberação limite de 0,6 miligrama por quilo de material plástico. A grande preocupação dos especialistas é a acumulação de bisfenol-A no organismo, já que são inúmeros os alimentos disponíveis embalados com materiais que desprendem esta substância.

Ao longo dos últimos anos crescem as evidências dos riscos à saúde decorrentes da exposição ao bisfenol-A(BPA), mesmo em níveis considerados seguros. O composto já é associado a desordens reprodutivas, desordens hormonais, obesidade, problemas no desenvolvimento cerebral, câncer de mama e próstata.

Uma nova pesquisa (Bisphenol-A exposure in utero leads to epigenetic alterations in the developmental programming of uterine estrogen response) defende que os níveis considerados seguros de exposição ao Bisfenol-A devem ser reanalisados. A pesquisa sugere que a exposição ao bisfenol A (BPA) durante a gestação leva a alterações epigenéticas que podem afetar permanentemente o feto. Estas mudanças epigenéticas resultaram em ‘excesso’ de resposta ao estrógeno durante a idade adulta, muito tempo após a exposição ao BPA, afetando a fêmea para ser sensível ao estrogênio. Esta sensibilidade pode levar a problemas de fertilidade, a puberdade precoce, desenvolvimento mamário alterado e função reprodutiva, bem como uma variedade de cânceres relacionados com o hormônio.

Quanto aos homens, uma pesquisa da Universidade do Missouri publicada na Academia Nacional de Ciências dos EUA e divulgada na Folha de São Paulo aqui no Brasil mostra os seguintes resultados.

                                 

Fonte: Folha de São Paulo (https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/935847-usado-em-plasticos-bisfenol-a-altera-comportamento-de-roedores.shtml)

Depois de todas estas informações sobre os malefícios causados pela exposição a este composto, vamos destacar aqui algumas precauções para ajudar a resguardar você e sua família deste perigo oculto, entre elas:

›› Verifique se os produtos enlatados estão íntegros, sem amassados. Problemas físicos facilitam a liberação da substância. 

›› Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite esfregá-los excessivamente com bucha e detergente ou colocá-los na máquina de lavar louças. 

›› Substituir pratos, copos e outros utensílios de armazenamento de alimentos e bebidas de plástico por vidro, porcelana e/ou aço inoxidável.

›› Você já percebeu que existem embalagens especificas para o micro-ondas? Isto não é por acaso. Não esquente embalagens plásticas no micro-ondas se elas não forem fabricadas especificamente para esse tipo de forno. 
›› Não coloque itens comestíveis quentes em canecas ou recipientes plásticos. 
›› Preste atenção no símbolo de reciclagem. Essa informação costuma ser estampada no fundo da embalagem. Associada a ele, há sempre uma numeração. Procure evitar as que sejam classificadas como 3 ou 7, que podem apresentar maior concentração de bisfenol-A. 

›› Confie somente nos produtos certificados pelo Inmetro. 

›› Não deixe os líquidos que for ingerir em contato com o plástico por longos períodos. Nada de deixar a garrafinha plástica de água mineral no carro por dias e depois continuar usando ela para colocar água. Congelar água nestas embalagens e depois consumir também pode ser perigoso.

›› Uma atenção especial deve ser dispensada às mamadeiras: evite as de policarbonato.

E quem é de Piracicaba, sinta-se orgulhoso! Piracicaba foi a primeira cidade do Brasil a aprovar uma lei municipal que proíbe a comercialização de mamadeiras, chupetas, alimentos e bebidas que contenham o bisfenol-A. Os piracicabanos seguiram o exemplo da União Europeia, Canadá, China, Malásia e Costa Rica, além de 11 Estados norte-americanos.

            Esperamos ter contribuído para afastar este mal da sua saúde!

Maressa Caldeira Morzelle
Engenheira de Alimentos-UFMT
Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos-ESALQ/USP
Sob orientação: Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado