Casca de romã na prevenção da doença de Alzheimer

07/03/2013 11:07

Na postagem do dia 05 de março disse-lhes que iriamos iniciar o ano apresentando nossos Novíssimos Orgulhos... O primeiro deles, para quem ainda não leu, foi a dissertação da agora mestre Marina Lamounier. O trabalho realizada por ela desenvolveu um preparado de sorvete inovador, saudável e saborossísimo...excelente para dias quentes como hoje. (Confira a matéria aqui: cms.alimentofuncional.webnode.com/news/sorvete-saudavel/)

Já o post desta quinta-feira irá apresentar a dissertação defendida pela mestre a agora doutoranda Maressa Caldeira Morzelle. Nosso objetivo ao postar essas matérias é oferecer a vocês nosso leitores uma idéia do que trabalhamos por aqui, além de é claro mantê-los informados sobre alimentos funcionais.

Casca de romã na prevenção da doença de Alzheimer

Vamos começar esta matéria com uma boa notícia: o brasileiro está vivendo mais! O IBGE aponta que em 2010 vivemos aproximadamente três anos a mais do que em 2000. E uma notícia ainda melhor para as mulheres: elas vivem cerca de sete anos a mais que os homens. Mas vale lembrar que nosso desejo vai além de apenas viver por mais tempo. Queremos viver com saúde, podendo usufruir de tudo que a vida nos proporciona.          

O aumento da expectativa de vida e consequente envelhecimento da população trouxeram consigo o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas em especial as diferentes formas de demência.

A doença de Alzheimer é responsável por 70% dos casos de demências, constituindo atualmente um problema de saúde pública. Também conhecida como Mal de Alzheimer, esta doença é caracterizada pela demência e perda de memória progressiva.

A incidência desta doença envolve não somente problemas econômicos relacionados a gastos com saúde pública como também promove a redução da qualidade de vida e o comprometimento da saúde física e mental. Além disso, os medicamentos disponíveis atualmente para o tratamento da doença de Alzheimer apresentam alto custo e têm efeitos colaterais indesejáveis, o que nos incentiva a buscar novas formas de prevenção, a fim de reduzir a incidência dessa doença na sociedade.

As pesquisas têm demonstrado que existe uma forte relação inversa entre o consumo regular de frutas e hortaliças e a prevalência de algumas doenças degenerativas. Resumindo dizemos que quanto mais você consome frutas e hortaliças menores são os riscos de desenvolver doenças degenerativas. Isto porque as plantas em geral são fontes de compostos bioativos de forma qualitativa e quantitativa, tornando-se uma estratégia importante para o tratamento de distúrbios neurológicos como a doença de Alzheimer.

Diante desta relação alimento e saúde, uma pesquisa da ESALQ/USP estudou a casca de romã como uma possível aliada na prevenção da doença de Alzheimer. A pesquisa intitulada “Resíduos de romã (Punica granatum) na prevenção da doença de Alzheimer” foi desenvolvida por Maressa Caldeira Morzelle com a orientação da Professora Titular em Nutrição Humana Jocelem Mastrodi Salgado.

Já se sabia que a romã é uma fonte de compostos bioativos, aqueles que, além de nutrir, podem prevenir ou reduzir o risco de doenças, com destaque para os antioxidantes, principalmente a sua casca. Com isso, decidiu-se testar sua atividade no mal de Alzheimer.

O principal ponto da pesquisa foi que a comprovação cientifica que existe um componente na casca da romã que consegue manter o nível normal do neurotransmissor acetilcolina, o qual, na doença de Alzheimer, se apresenta em um nível reduzido no cérebro. A acetilcolina é responsável pela manutenção das atividades cerebrais relacionadas a atenção, aprendizagem e memória.

A acetilcolina é quebrada pela enzima acetilcolinesterase em colina e ácido acético. Estes subprodutos não são tóxicos, mas essa quebra encerra o processo de neurotransmissão. Para mantermos os níveis de acetilcolina estáveis precisamos inibir a enzima acetilcolinesterase.

Atualmente cinco medicamentos estão aprovados pelo FDA e disponíveis para o combate desta doença. Quatro destes medicamentos apresentam como mecanismo de ação esta atividade anticolinesterásica, ou seja, de inibição da enzima acetilcolinesterase. Portanto, atualmente, a inibição da acetilcolinesterase é o principal mecanismo de ação dos medicamentos aplicados no tratamento da doença. A casca de romã apresentou esta atividade, concluindo-se que este resíduo precisa ser estudado mais fundo quanto aos demais mecanismos da doença, mas pode constituir uma alternativa na prevenção da doença de Alzheimer.

Adicionalmente, a casca de romã é uma fonte de compostos antioxidantes que podem auxiliar na proteção do cérebro contra reações de oxidação. Sabe-se que o cérebro é um forte alvo das reações de oxidação por apresentar baixo conteúdo de glutationa (um antioxidante natural) e membranas formadas por ácidos graxos poli-insaturados (facilmente oxidados). Além disso, o metabolismo cerebral requer elevados níveis de oxigênio, o que o torna ainda mais susceptível as reações de oxidação. Os antioxidantes da casca da romã podem atuar neste mecanismo de proteção ao cérebro, evitando as reações de oxidação.

Para finalizar a pesquisa, transformamos o extrato líquido da casca em um pó (micropartículas). Elas foram adicionadas a sucos de frutas e foram amplamente aceitas em um teste de análise sensorial.

O principal papel da universidade é encontrar soluções para os problemas enfrentados pela sociedade e passar esses dados de maneira clara, científica e orientada à comunidade. É bastante animador conseguir esses resultados satisfatórios comprovados por testes bioquímicos e sentir que devemos continuar trabalhando com essa pesquisa inovadora. Além disso, utilizando esses resíduos (a casca) estamos de alguma forma protegendo o meio ambiente.

Esta pesquisa também foi divulgada em outros sites. Entre eles, o site do governo do Estado de São Paulo cujo link se encontra a seguir:www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=225987&c=559&q=romu-pode-ser-aliada-na-prevenuuo-do-alzheimer